Criança morta
Durante a estadia em Nova Iorque, Portinari vê uma obra que muito o impressiona, Guernica. A guerra vista por Picasso, duma forma cubista e sem a utilização das cores. Fica impressionado com o quadro.
Na Alemanha os nazis estão no poder. Da Europa não param de chegar os relatos dramáticos. É o mundo que está em guerra e enquanto isso o povo é o que mais sofre. A morte está presente em todo o lado.
No Brasil, o sofrimento é provocado pela natureza. O Nordeste é atingido por grandes secas que trazem consequências gravosas para os camponeses.
Muitos são aqueles que utilizam as suas artes para falar do que os rodeia - Jorge Amado, Érico Veríssimo, Graciliano Ramos. Também Portinari a nada disto fica alheio. Exprime-o com a sua pintura, reflecte-o. É a cor que se apaga, um drama que se observa. São os Retirantes, expressos em algumas das suas obras. Os despojados de tudo, do trabalho, da vida, têm apenas a morte, como o expressa em Criança morta.
Criança morta, que faz parte da série sobre os retirantes nordestinos, tem sua carga dramática potencializada pela composição do quadro - um agrupamento humano do qual se projeta a criança morta, pelo predomínio do tom terroso que marca a parte inferior da tela, pelas lágrimas da menina e, principalmente, pelo aspecto tenebroso das figuras humanas, que oscila do cadavérico ao fantasmagórico.Um quadro dantesco de luta entre a vida e a morte.
Aucun commentaire:
Enregistrer un commentaire